Cidade - Greve dos bancos é parcial

19/09/2012 20:53

Na Avenida Sete, todas as agências estavam cercadas de grevistas com faixas e panfletos

Na Avenida Sete, todas as agências estavam cercadas de grevistas com faixas e panfletos

 

Nem todas as agências fecharam, mas o primeiro dia de greve deu uma amostra do que a população pode vir a sofrer caso o movimento continue. Havia bancos privados abertos em vários bairros da cidade, principalmente na Pituba e em áreas próximas ao Iguatemi, mas também em áreas do centro da cidade, a exemplo do Campo da Pólvora.

Na Avenida Sete, no entanto, todas as agências estavam cercadas de grevistas com faixas e panfletos. Algumas delas davam acesso aos caixas eletrônicos, mesmo assim a falta de funcionários impediu que clientes não saíssem frustrados. “Eu vim de Vilas de Abrantes para tirar um dinheiro, mas cheguei aqui e não tem aquela moça que me ajuda a mexer no caixa eletrônico. Eu não vou pedir a outra pessoa, que é perigoso”, conta a costureira Dulcilene Regis Ferreira, de 76 anos, à porta do Bradesco da Avenida Sete.

O que restou a dona Dulcilene foi voltar para o Litoral Norte sem o dinheiro que ela usaria para comprar material para seus trabalhos de costura. “Em Vilas, peço a meu filho para ir comigo a alguma agência em Itapuã ou Lauro de Freitas”, disse. Mesmo com a possibilidade de ainda conseguir sacar o dinheiro, ela não deixou de demonstrar sua indignação com a viagem perdida. “Estou chateada porque perdi um dia de trabalho e espero que tenha sido apenas um”.

O músico Roque Carvalho dos Santos teve melhor sorte. Na mesma agência, ele conseguiu retirar algum dinheiro do caixa eletrônico. “Ainda bem, senão não conseguiria pagar a escola das crianças”, observou. Ele, no entanto, não acredita que tenha se livrado das dificuldades que uma greve de bancários pode causar. “Tirei muito pouco dinheiro e tenho que torcer para que a greve acabe antes dos meus direitos autorais entrarem em minha conta, é com esse dinheiro que pago as outras contas de casa”, disse.

Quem não teve alternativa, como os clientes de bancos estatais, que, sem exceção, segundo o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Euclides Fagundes, não abriram as portas ontem, teve mesmo que contar com as casas lotéricas para cumprir com seus compromissos. Foi o caso do designer Jonas Santos. Ele já estava atrasado para retornar ao trabalho e ainda teria que esperar mais alguns minutos para vencer a fila da Casa Lotérica Santa Cruz, na Avenida Joana Angélica, e poder quitar seus débitos.

“Se fosse no Banco do Brasil, com certeza já estaria de volta ao trabalho, aqui, além de ser mais longe, tem uma fila muito maior. Sim, a greve dos bancos já afetou à minha vida”, lamentou.

A professora Maria de Lourdes de Oliveira saiu do bairro de Luiz Anselmo para o Campo da Pólvora, onde fica a sua agência bancária. Mesmo descrente de que teria sucesso, ela tinha em mãos contas que venciam ontem. Ao sair da agência do Bradesco, ela não escondeu a felicidade. “Sabia que muitos bancos estavam fechados, mas o meu estava aberto e agora estou aliviada”, contou depois de, na boca do caixa, pagar as contas e depositar o dinheiro que sempre envia para a irmã mensalmente.

Segundo o bancário Vitor dos Santos, a agência do Campo da Pólvora se manteve aberta porque o sindicato está mais ocupado em outros pontos da cidade. “Na verdade, eu trabalho na Avenida Sete e o sindicato fez piquete na porta e por isso o nosso pessoal foi transferido para outras agências”, explicou. Segundo ele, todos os funcionários do banco estão trabalhando, ou na sua própria agência ou em outra.

Para ele, no entanto, caso a greve continue, não tardará muito para o sindicato chegar ao Campo da Pólvora e em outros pontos da cidade onde as agências ainda estão em funcionamento.

Publicada em 19/09/2012 00:05:00

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