Cidade - Greve dos bancos gera desespero entre os clientes

26/09/2012 09:13

 

 
A população tenta manter a calma, mas a falta que faz os bancos em sua vida começa a deixá-la preocupada e algumas pessoas já chegaram ao desespero. Uma mulher chegou chorando, ontem, ao Banco Itaú da Avenida Ademar de Barros, em Ondina. Informando que estava sob efeito de medicação e com dores fruto de um menigioma (tumor na meninge), a cliente do banco, que pediu para não ser identificada, tentava dar encaminhamento a uma documentação que dependia da assinatura de um gerente. Por sorte, havia funcionários na agência, que lhes atendeu através de uma fresta na porta de vidro. Com a tensão no local, o gerente exigiu que a reportagem se retirasse da agência sem maiores detalhes sobre o caso. Outros dramas menores eram encontrados por toda cidade.
Adiltom Santos foi à mesma agência tentar falar com o gerente, já que seu caso não podia ser resolvido através de caixas eletrônicos. Ele tentava depositar um dinheiro que seria destinado aos vale-transportes da empresa em que trabalha. “Tem que ser um depósito identificado e tem muita gente dependendo disso”, conta. A agência de Ondina era a terceira em que ele tentava, sem sucesso. “Fui na Barra, no Centro da Cidade, agora vou tentar no Shopping Paralela”, revela, acrescentando que o itinerário é feito de ônibus. “Esta greve está saindo caro e ficando chato para a população”, conclui.
No Itaú, também na Avenida Manoel Dias da Silva, o policial militar, Joseilson Bonfim, tentava sacar o benéfico do INSS de sua mãe, mas não seria tão simples assim. “Venho da Baixa dos Sapateiros, que é a agência dela, mas o benefício está bloqueado e só pode ser sacado na boca do caixa”, conta, antes de ir à terceira agência, na Avenida Ademar de Barros, em Ondina. Caso consiga, estará resolvido apenas parte dos problemas. “Ela está cheia de dívidas para pagar”, acrescenta.
No Santander da Manoel Dias da Silva, na Pituba, a estudante de Direito, Taianne Leony, saiu de Piatã, onde mora, numa tentava resgatar um dinheiro que não sabia nem mesmo se já estava em uma conta desativada. “Preciso desse dinheiro, mas tenho que saber primeiro se já está na conta e depois preciso que o gerente autorize a retirada, já que não tenho as informações necessárias”, explica. Para ela, o pior da greve é o fato de não haver grevistas nas portas dos bancos, mas os piqueteiros profissionais “que não tem condição de informar nada”. “Eles deveriam estar aqui para argumentar conosco, daria mais credibilidade ao movimento”, opina.
Alguns bancos estão contratando funcionários terceirizados para orientar os clientes sobre a utilização de caixas eletrônicos, o que tem auxiliado, principalmente, os mais idosos. Foi o caso de Maria da Conceição de Jesus, de 78 anos, que, um dia depois de ter alta do hospital, foi com o neto à agência do Banco Itaú no Rio Vermelho. “Vim cumprir com meu dever de pagar minhas dívidas”, disse. Mas seu “dever” só foi cumprido graças a Aline Sobrinho. A estudante de comunicação está prestando serviço para o banco através da empresa Randstad. “Não sei dizer em quantos bancos estamos, sei apenas que comecei ontem”, conta.
Ela confirma que são os mais idosos que mais necessitam de orientação e imagina que sem alguém que exerça a sua função, muitos clientes podem ter voltado frustrados para casa. Maria da Conceição e seu neto demonstraram a importância do orientador de clientes em um período de greves. “Graças a Deus, ela estava aqui”, disse a senhora antes de deixar a agência.
Casas lotéricas
Em toda cidade, a busca pelas casas lotéricas para fazer pagamentos tem crescido, principalmente em áreas comerciais onde estão concentradas as agências bancárias como no Comércio e na Pituba. Em casas lotéricas de bairro, o crescimento não tem sido muito intenso, mas a preocupação é que a greve perdure. “Por enquanto, as filas não estão muito grandes, mas estamos nos preparando para o fim do mês, quando se alcança a maioria das datas de vencimento das contas. Vai ser de sufoco”, diz Jaqueline Conceição, caixa do Centro Lotérico, localizado na Rua Boa Vista de Brotas, no Engenho Velho.
Segundo o Sindicato dos Bancários da Bahia, ontem o número de agências fechadas era 253, 25 a mais que na segunda-feira, quanto 228 agências não funcionaram. Se os números estão corretos, apenas sete agências abriram ontem, já que o número total, em Salvador, é de 270. Através de sua assessoria, o sindicato informou que algumas agências do Itaú fecharam os acessos aos caixas eletrônicos, por medida de segurança, a exemplo da agência localizada na Avenida Sete.
O sindicato negou que a denúncia feita à Tribuna por clientes de bancos de que os grevistas estavam retirando os envelopes de depósitos das agências para dificultar suas vidas seja verdade. Segundo a assessoria de imprensa, os envelopes simplesmente acabaram e por falta de funcionários eles não foram repostos.
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Publicada em 26/09/2012 02:54:36