
Apesar de a frequência escolar ser uma condicionante do Programa Bolsa Família, a greve dos professores não impediu que os baianoscadastrados recebessem seus benefícios.
A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), responsável pelo programa na Bahia, informou que na Bahia são cerca de 1,8 milhão de alunos cadastrados, sendo quase 175 mil emSalvador, e nenhum deles teve seu benefício afetado pela greve.
De acordo com a coordenadora estadual do programa, Luciana Santos, o sistema de acompanhamento de frequência dos alunos apresenta 20 motivos pré-estabelecidos para justificar as ausências na sala de aula, a greve é uma delas.
“O sistema é controlado pelas prefeituras e o índice de frequência é coletado bimestralmente, mas temos uma das melhores qualidades de cadastro no país e isso facilita que ninguém saia prejudicado”, disse.
Segundo a coordenadora, para que suas famílias tenham direito ao benefício, os alunos com até 15 anos devem ter uma frequência escolar de no mínimo 85%, e os que estão entre 16 e 17 anos, 75%. Elainforma ainda que a média de frequência na Bahia, que é de 85%, é umas das maiores do país, sendo superior à média nacional, que é de 81%.
Entre os motivos que mais influenciam na frequência escolar dos alunos baianos, o de mais destaque é a não localização do aluno.
“Nesses casos os gestores não encontram os alunos para saber os motivos de sua ausência. Geralmente são alunos de baixa renda, que moram de aluguel ou, por outro motivo, acabam mudando de endereço sem informar”, explica Luciana Santos. Ela informou que este é o motivo mais identificado em todo país.
A segunda justificativa mais utilizada é o não acompanhamento da família. “É quando se percebe que a família negligencia os alunos e não comparecem para informar o motivo das faltas”, disse.
Para tentar diminuir o uso de tais justificativas no sistema de cadastro dos alunos cujas famílias fazem parte no Bolsa Família, o Ministério do Desenvolvimento Social está enviando uma equipe para a Bahia.
“Eles farão oficinas conosco e com os gestores de escolas para tentar diminuir ainda mais os problemas de cadastramento que influenciam na contagem da frequência escolar dos alunos”, conta. As oficinas serão realizadas nos dias 1 e 2 de agosto.
Dia decisivo – Será realizada hoje a primeira assembleia dos professores desde que a categoria desocupou o espaço na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), onde permaneceram por 94 dias. A reunião, que decidirá se o movimento continua ou não, acontecerá no Colégio Central, às 9h. Segundo, o diretor jurídico da APLB-BA, José Lucas Sobrinho, a desocupação da AL-BA não impactou negativamente o movimento.
“Ao contrário, acredito que a nossa saída foi honrosa e o tempo que ficamos lá serviu para nós mostrarmos à sociedade que temos força, que estamos unidos e que sabemos lutar pelos nossos direitos”, disse Sobrinho, ao sair da zonal da região do Cabula.
As reuniões, chamadas de zonais, foram realizadas nas dez regiões demarcadas pela APLB. Cada uma delas debatem os temas relevantes para o movimento e levam propostas para a reunião do comando de greve, que foi realizada ontem à noite.
De acordo com Sobrinho, se depender do clima registrado em sua zonal, o movimento deve continuar até que as reivindicações da categoria sejam alcançadas. “Pela reunião que tivemos, ontem, não há expectativa de final da greve, pelo menos por agora”, ressaltou.
Pais pedem fim da greve
A Associação de Mães e Pais de Alunos da Rede Pública Estadual espera que a assembleia de hoje marque o final da greve que já dura 104 dias, mas espera que os professores sejam atendidos em suas reivindicações.
“Queremos o fim da greve, mas esperamos que os professores saiam vitoriosos”, declarou a diretora da organização, Nilzete Santana Dias.
Segundo Nilzete, a volta às aulas sem o aumento pedido pelos professores causaria outro problema que afetaria os alunos. “Não queremos professores insatisfeitos nas salas, ainda mais que a reposição das aulas exigira muito deles”, explicou.
Para ela, caso a greve acabe hoje, é possível ainda salvar o ano letivo. “Apesar de anunciarem que são 200 dias de aula, isso nunca aconteceu, geralmente fica em torno de 140 dias. Portanto, com esforço, se pode alcançar esse número até final de janeiro”, apontou.