Economia - Estado pode suspender incentivos da Dow

04/04/2012 09:47

 

Anunciada na última segunda-feira, a decisão da Dow Química de fechar a fábrica de Tolueno Diisocianato (TDI), em Camaçari, pode trazer perdas para as outras duas fábricas da Dow na Bahia.  O governo do estado estuda a suspensão por 90 dias dos incentivos concedidos à indústria dos Estados Unidos, determinados peloprograma Desenvolve. 


Procurada, a assessoria da Secretaria da Indústria,Comércio e Mineração negou que já exista uma decisão tomada, mas não descartou que o tema seja deliberado na próxima reunião do Conselho do Desenvolve, programado para o próximo dia 10.  Nos bastidores, o titular da SICM, James Correia, não escondeu o descontentamento com o fechamento da fábrica, que resultou na perda de 123 postos de trabalho. 

O secretário argumentou que o Estado negociou o quanto pôde para evitar a medida. Criado em 2002, o Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integração Econômica do Estado da Bahia (Desenvolve) visa fomentar o crescimento industrial e agroindustrial, com estímulos como descontos e facilidades no pagamento do ICMS. 

O programa foi utilizado na atração de projetos como a fábrica e centro de distribuição de O Boticário e a planta da JAC Motors. 
 
Analistas do mercado ouvidos pela Tribuna avaliam que o impacto econômico do fechamento da unidade da Dow em Camaçari será sentido, mas terá alcance reduzido. 

O entendimento é de que a unidade - em funcionamento desde 1979 - não tinha uma produção significativa e com preços “proibitivos”, podendo ser substituída por outra parceira do exterior tanto pela Braskem (que fornecia matéria-prima para a produção de poliol e tolueno e diisocionato (TDI) da Dow) como para a TWE, que utiliza estes dois produtos na fabricação de esponjas para assentos, entre eles os bancos dos carros da Ford.
 
“Claro que o fechamento de uma empresa é sempre uma perda para a economia, a geração de tributos e aos trabalhadores, mas é uma coisa de mercado”, opinou um analista  ouvido pela TB. 

O fim da unidade de TDI foi anunciado anteontem pela The Dow Chemical Company, sob alegação de que estudos de riscos apontaram pela necessidade de investimentos altos na unidade para torná-la competitiva, porém o retorno desta ampliação não seria lucrativo, além de ser o projeto incompatível com as metas de meio ambiente, saúde e segurança definidas pela companhia. 
 
Para o entrevistado, em razão do custo Brasil, a melhor opção para a TWE é passar a  importar o poliol e o TDI. “Como ela fornece para a Ford, pode fazer um draw-back e não pagar imposto de importação”, lembrou. 

O mecanismo citado concede isenção à importação de artigos a serem reaproveitados na elaboração de produtos destinados à exportação, como é o caso. A Braskem, a seu ver, também não terá dificuldades para recolocar no exterior a produção destinada até agora à fábrica da Dow. 

“Não digo que já era esperado (o fechamento da fábrica), mas toda empresa deve estar preparada para isso. É uma coisa de mercado”. O especialista consultado considera que a planta de TDI tinha uma produção pequena, o que reduz o impacto do fechamento. 

“Todo dia as fábricas precisam investir em sua modernização e em aumentar seu tamanho, para obter escala”, alertou. Do contrário, continua ele, as concorrentes produzem mais barato e tiram a empresa do mercado. “Apesar dos investimentos feitos pela Dow, ela (a fábrica de TDI) ficou com os custos pouco competitivos”, completou. A unidade estava parada desde outubro do ano passado
 

Publicada: 04/04/2012 00:43| Atualizada: 04/04/2012 00:34 

Leia mais em www.tribunadabahia.com.br

Imagens do www.google.com.br