Em entrevista à TB, superintendente da Transalvador faz balanço das ações no Carnaval
Passado o carnaval, o Superintendente da Transalvador, Alberto Gordilho, faz um balanço das ações do Órgão nos seis dias de folia. Ele avalia os pontos positivos e reflete sobre o que pode ser melhorado no próximo ano para a fluidez do trânsito e o atendimento do maior número de pessoas no transporte público. Contrariando os cálculos divulgados pela prefeitura, Gordilho não considera que a festa tenha gerado prejuízos. Na sua opinião, deve ser levado em conta o lucro gerado a médio e longo prazo.
Tribuna da Bahia – Os números do carnaval apresentados pela Transalvador foram considerados bons, sobretudo no quesito de vítimas fatais decorrentes de acidentes no trânsito, com o registro de apenas duas mortes contra sete no ano passado, mas houve muitas queixas de motoristas de táxi e também de carros particulares no tocante aos engarrafamentos ocorridos na Av. Centenário. A que o senhor atribui estes engarrafamentos e como pretende resolvê-los no próximo carnaval?
Alberto Gordilho – Concorreram para os engarrafamentos diversos fatores, alguns dos quais provenientes de situações que fogem ao controle da Transalvador.
TB – Quais, por exemplo?
AG – A urbanização feita na avenida (fechamento do canal) que originou um número muito grande de travessias de pedestres ao longo de toda a via, a feira do abadá que acontece no Jardim Brasil, o deslocamento da base operacional da PM para o canteiro central da avenida, antes situada no interior do shopping, onde paravam seus carros de apoio, deslocados para a via este ano, e a própria avenida, cuja geometria é adequada ao fluxo normal que recebe diariamente e não àquele volume concentrado de tráfego, que ocorre no carnaval.
TB – E decorrentes da ação da Transalvador?
AG – O fato de termos feito uma canalização exclusiva para os ônibus, que precisavam, sobretudo pela manhã e início da tarde, se deslocar rapidamente para os bairros para buscar os foliões, concorreu para o estreitamento da Centenário em grande extensão, e a quebra de dois ônibus em momentos cruciais, que embora previsíveis, ocorreram quando os guinchos posicionados na Centenário estavam em transito para a base da Transalvador, o que retardou a remoção dos mesmos.
TB – Na sua ótica, o que pode ser feito na avenida para melhorar o fluxo de veículos durante o carnaval?
AG – O retorno em frente ao Calabar deve ter as suas extremidades cortadas para permitir a inversão do mesmo naquela localidade. Com esta providencia poderemos fazer o deslocamento da barreira para este local, só permitindo o acesso após a mesma de moradores, táxis e ônibus.A ampliação da báia dos ônibus nesta localidade também é necessária, pois conforme ocorreu com frequência, chegavam mais de dois ônibus ao mesmo tempo, com o consequente bloqueio de uma das faixas de rolamento. Acho também, que durante o carnaval devem ser implantadas passarelas provisórias de pedestres, principalmente na última curva da Centenário, onde foi preciso a ação de um número grande de agentes para minimizar os engarrafamentos. Claro que tudo isto é fruto das minhas observações e precisam ser melhor estudadas por urbanistas e aprovadas pelo Prefeito. O fato é que precisamos intervir, a exemplo do que foi feito no sistema viário do Centro Administrativo para permitir a realização de uma corrida anual de carros.
TB – Houve também muitas queixas com relação ao número de infrações cometidas, como reduzi-las no próximo ano?
AG - O numero de infrações registradas pelos equipamentos eletrônicos foi inferior em 13,5 % ao ano anterior, o que demonstra que o que ocorreu foi uma sensação de aumento das infrações e não o seu cometimento. Sem dúvida que elas existiram, mas o fato é que a Transalvador não se omitiu, pelo contrário, agiu, com o guinchamento dos carros e aplicação de multas pelos seus agentes, ao tomar conhecimento das mesmas.
TB - A Transalvador concorreu com quanto para o alegado prejuízo que a Prefeitura teve com o carnaval de Salvador?
AG – Primeiramente, eu acho que o carnaval não gera prejuízo. O que ocorre, talvez, é que num primeiro momento o desembolso para atender as despesas decorrentes da operação carnaval seja superior aos recursos arrecadados com a festa. Um exemplo do que estou dizendo (de não haver prejuízo) é o acréscimo da participação do município na arrecadação do ICMS, que só repercute no caixa da Prefeitura em anos subsequentes ao carnaval, em razão da sua metodologia de cálculo, que leva em consideração o incremento anual da sua geração no âmbito do município, que convenhamos, em razão do consumo exacerbado de cerveja e outras bebidas alcoólicas e não alcoólicas, cresce consideravelmente no carnaval. E, por fim, há o ganho de imagem, que entre outras coisas, atrai turistas para a cidade, ao longo de anos, gerando mais receita para o município. Logo, o resultado (prejuízo ou lucro) do carnaval não é um cálculo simplista, pelo contrário, é complexo, pois envolve aferições que extrapolam o período momesco. Mas, respondendo a sua pergunta, a Transalvador gastou R$ 2,6 milhões, dos quais R$ 2 milhões com remuneração direta de pessoal.
Publicada: 24/02/2012 11:32| Atualizada: 24/02/2012 11:40
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