Pequenos foliões precisam de cuidados

13/02/2012 12:46

 

 

Aglomeração sob o sol forte, alimentação não balanceada, pouca ingestão de líquido, fantasias com tecidos inadequados, calçados desconfortáveis, adereços compostos por tintas, brilhos, espumas e até cola. A mistura quase obrigatória para o carnaval pode representar sérios riscos à saúde e à segurança dos pequenos foliões.

 
Como a paixão pelo carnaval tem começado cada vez mais cedo, é praticamente impossível manter a criançada longe da folia. Por isso, os pais e responsáveis devem ficar atentos a alguns detalhes antes levar os pimpolhos aos bailes, seja no clube, em praças públicas, no próprio condomínio ou na avenida, dentro ou fora das cordas.
 
O primeiro passo é conferir, antes de sair de casa, os calçados, fantasias ou vestimentas. Estes devem ser confortáveis, leves e arejados. No caso das meninas, evitar usar sandálias com salto, independentemente do tamanho e espessura, pois como nesta idade a formação óssea ainda não está completa, esse tipo de calçado, além de gerar desequilíbrio, facilitando as quedas, pode comprometer a estrutura da coluna.
 
“Ao usar um sapato com salto, a criança tende a forçar o equilíbrio, pois sua estrutura ainda não está totalmente formada. O uso é contra-indicado para dias normais e, sobretudo nesta época do ano quando elas se movimentam o tempo todo, correndo, pulando e dançando”, alerta a fisioterapeuta pediátrica Fernanda Davi.
 
Segundo ela, para a ocasião, os calçados mais apropriados são os tênis e sandálias fechadas atrás, evitando sempre os de borracha e plástico. “Nunca descalça, pois tem o risco de cortar ou queimar os pés”, salienta.
 
Outro cuidado importante é com a pele. Como o carnaval acontece sempre no verão, onde a temperatura é elevadíssima e a sensação térmica é ainda maior devido à aglomeração de pessoas no mesmo local, especialistas chamam a atenção para a necessidade de usar e repor periodicamente o protetor solar.
 
Tão importante quanto se proteger de insolação é evitar irritações na pele ocasionadas pelo uso de tintas e de adornos com produtos tóxicos. Nestes casos, para evitar problemas, procure sempre os itens hipoalergênico. Ainda assim, é recomendável testá-lo antes de usar, aplicando uma pequena quantidade no antebraço e deixando agir por alguns minutos, até que a criança não demonstre nenhuma reação indesejada.
 
Os confetes e serpentinas também merecem atenção redobrada. Apesar de aparentemente inofensivas, esses brinquedinhos podem proporcionar risco à saúde da criança e até acabar com a festa. Opte sempre pelos que não tenham em sua composição nenhum material metálico, pois em contato com energia pode causar curto-circuito. O uso das bolinhas de sabão e sprays tem de ser supervisionado pelos pais ou responsáveis para que não ocorra a ingestão do produto ou engasgamento.
 
Sempre acompanhados e seguros
 
Os menores precisam estar sempre acompanhados dos pais ou responsáveis maiores de 18 anos. Neste caso, com autorização judicial para brincar no circuito carnavalesco, em horários pré-estabelecidos. Mesmo na companhia de um adulto, especialistas aconselham colocar pulseiras de identificação, com nome dos pais, endereço e telefone para contato. Em caso de perda, o adulto deve procurar o posto policial mais próximo e comunicar o fato. A busca deve ser feita na companhia de um agente.
 
Outra dica é nunca deixar a criança sob os cuidados de estranhos, ainda que por pouco tempo e, na medida do possível, evitar lugares lotados. A alternativa é optar sempre por matinês infantis, onde o público seja majoritariamente de pessoas da mesma faixa etária.
 
Independentemente do local escolhido para brincar a folia de Momo, mantenha-se o mais afastado possível do sistema sonoro. Os médicos advertem: exposição a som muito alto por período longo causa danos irreversíveis à audição.
 
E atenção! O tempo de permanência na festa deve estar associado à resistência da criança e não do adulto, ou seja, quando o pequeno folião começar a esboçar cansaço ou sono é sinal que está na hora de ir para casa. Sendo assim, não tente esticar a folia.
 
Alimentação – Pode parecer bobagem lembrar, mas os cuidados com a alimentação precisam ser redobrados durante o carnaval, pois o consumo de produtos comercializados e, sobretudo preparados, no circuito pode levar o consumidor a desenvolver uma infecção gastrointestinal, intoxicação alimentar, entre outros.
 
A nutricionista Renata Oliveira, professora do curso de nutrição em uma faculdade em Salvador, recomenda comer o mínimo possível na rua e sempre optar por alimentos leves e naturais, além, é claro, da ingestão de bastante água, sucos, vitaminas de frutas e água de coco.
 
“Para quem ignora os riscos e vai comer na rua, a dica é: observar as vestimentas e se as unhas e cabelos do vendedor estão protegidos; evite comida que não esteja devidamente resguardada do vento, poeira e de insetos; veja também se há pessoas diferentes para manusear o alimento e o dinheiro; confira se os produtos perecíveis, como salsicha, queijo, presunto, carnes e saladas, estão mantidos em local refrigerado”, pontua.
 
A nutricionista salienta ainda que alimentos fritos, com recheios ou molhos, devem ser evitados assim como pratos ricos em gorduras, a exemplo de feijoada, sarapatel, rabada e dobradinha. “Esses são mais difíceis de digerir e podem comprometer o bem-estar do folião”, explica Renata, ressaltando que a dica se aplica tanto para crianças, como para adultos.
 
De acordo com ela, o gasto excessivo de energia, a má alimentação pode causar ao folião a desnutrição e desidratação. “Como estas pessoas vão ficar expostas ao sol por um longo período, podem aparecer sintomas como fraqueza, dificuldade de concentração, sonolência, queda de pressão e de temperatura e até desmaio”, afirma.
 
O recomendável é não passar mais de três horas sem se alimentar ou hidratar. A profissional indica alimentos ricos em carboidratos, que são excelentes fontes para repor energia. Assim, o folião, mirim ou adulto, pode abusar do aipim, batata doce, banana da terra e massas.
Publicada: 13/02/2012 02:16| Atualizada: 12/02/2012 21:31

Catiane Magalhães REPÓRTER

Leia mais em www.tribunadabahia.com.br