Política - Governo pede agilidade na votação de projeto sobre trabalho escravo

Em meio à crise entre Palácio do Planalto e Congresso por causa da decisão da presidente Dilma Rousseff de trocar os líderes nas duas Casas, o governo quer que os deputados agilizem a votação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do Trabalho Escravo.

Polêmica porque prevê a expropriação e a destinação para reforma agrária de todas as terras onde essa prática seja encontrada, a PEC tramita pelo Congresso há oito anos.

A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) se reuniu na manhã desta quarta-feira com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) para pedir que seja votada a tempo de ser sancionada dia 13 de maio, data da Lei Áurea, que aboliu a escravatura no país em 1888.

"Esperamos que a Câmara, que tem uma visão progressista e compromisso com a vida, vote o projeto que prevê a perda da terra dos que exploram o trabalho escravo, disse Rosário depois da reunião.

A ministra disse que o governo procurou a bancada ruralista para negociar a aprovação do tema e que teve adesões. "Lideranças [ruralistas] reconheceram que não querem ter o carimbo de trabalho escravo", afirmou.

A troca por Dilma de Romero Jucá (PMDB-RR) por Eduardo Braga (PMDB-AM) na liderança do governo Senado e de Cândido Vaccarezza (PT-SP) por Arlindo Chinaglia (PT-SP) na liderança do governo na Câmara, criou tensão do Planalto com peemedebistas e petistas e se alastrou pelas bancadas do PDT e PR, também da base aliada.

Deputados e senadores ameaçam dificultar a vida do governo no Congresso barrando votações de interesse do Executivo, enquanto a presidente não melhorar a interlocução política.

COMISSÃO DA VERDADE

A ministra disse que a decisão do Ministério Público Federal, de ajuizar uma ação contra o coronel do Exército Sebastião Curió não atrapalha as negociações para instalação da Comissão da Verdade.

Curió é acusado de sequestro de militantes políticos durante a guerrilha do Araguaia (1972-1975).

"O Ministério Público Federal está cumprindo seu papel, que é relevante. Isso em nada tira nosso objetivo de levar adiante os trabalhos que estamos desenvolvendo no sentindo da história ser resgatada no Brasil", afirmou.