Política - Entrevista: Durval dispara metralhadora contra Maria Luiza.
Tribuna - Como avalia sua atuação no Senado?
João Durval Carneiro – Sem falsa modéstia, acho que minha passagem pelo Senado Federal tem sido positiva. Apresentei vários projetos importantes, relatei também muitos projetos importantes, são cerca de 50 projetos relatados por mim. Tenho uma relação muito grande de discursos, sempre discursos importantes. Quando eu subo à tribuna, o pessoal todo para para olhar. Eu faço discursos sérios, discursos importantes, sempre defendendo a Bahia.
Tribuna – Como o senhor avalia a relação da presidente Dilma Rousseff (PT) com o Congresso hoje? Vai ser possível novamente um bom entendimento com o governo federal?
João Durval – Eu creio que vai haver um consenso, até porque ela procura tratar os parlamentares da melhor maneira possível. Há pouco tempo houve realmente um período de conflito, de estremecimento. Então, os parlamentares votaram alguns projetos importantes, mas como eram oriundos do Executivo, os colegas lá votaram contra e derrubaram uns quatro, cinco projetos.
Tribuna – Para corrigir os rumos da relação entre os dois poderes?
João Durval – Exatamente isso.
Tribuna – Como o senhor vê a demissão de tantos ministros envolvidos com corrupção no primeiro ano de governo da presidente Dilma? Será que a população não tolera mais esse comportamento? A que o senhor atribui as demissões?
João Durval – Olha, isso aí é um problema complexo. Todos esses ministros vieram do governo Lula. Será que Lula escolheu os nomes dessas pessoas sem maior cuidado para ocuparem ministérios importantes? Se não falha a memória, nove ministros já foram demitidos. É uma coisa que realmente chama atenção porque todos eles foram escolhidos por Lula.
João Durval – Olha, pelo que eu tenho visto e lido, e conversado com ele, nesta reta final ele cresceu muito, mas muito mesmo. Ele agora está colocando nos órgãos de comunicação, ele tem colocado projetos que ele já executou, projetos que estão em andamento, algumas obras realmente muito importantes que a gente vê aí na televisão. Eu avalio que na reta final o desempenho dele é positivo. Apesar da oposição sistemática que alguns fazem, principalmente dos partidos, eu acho que é positiva a atuação dele.
Tribuna – Diante de todo o esforço que o prefeito tem feito nos últimos anos na Prefeitura, o que o senhor acha que poderia ser melhorado em Salvador?
João Durval – Bom, da parte da Prefeitura... Eu acho que a educação, no caso da Prefeitura, vai bem, está toda informatizada. Lembre-se de que o pessoal para conseguir uma matrícula, ia para a fila meia-noite, uma, duas horas da manhã, tinha que dormir na fila para conseguir matricular um filho. Hoje está tudo informatizado. Você vai dormir na hora que quer e no outro dia chega lá e faz sua matrícula. Então, tem coisas assim, altamente positivas na gestão dele (de João Henrique).
Tribuna – O trânsito seria um gargalo na cidade? Deve ser colocado como prioridade para o próximo prefeito?
João Durval – Acho, sim. Acho que deve ser colocado como prioridade. O que tem ocorrido, e isso você, eu, qualquer um pode testemunhar, é a quantidade de veículos depois daquela história de financiamento de 60 vezes. Então, o volume de veículos em circulação é muito grande, muito maior do que era a cinco anos atrás. Agora, não é por ser muito grande que se deve deixar as coisas como estão. João tem feito esforço e tal, mas todos nós testemunhamos que o trânsito não vai bem em Salvador.
Tribuna – O governo do estado poderia ajudar mais o prefeito nessa questão da mobilidade?
João Durval – João mantém, na realidade, um bom relacionamento com Wagner, de maneira que ele podia melhorar ainda mais, se desejasse, esse relacionamento entre a prefeitura e o governo do estado. Embora seja bom o relacionamento, eu acho que pode ser melhorado.
Tribuna – A gestão do prefeito melhorou depois da saída da ex-primeira-dama (deputada estadual) Maria Luiza?
João Durval – Acho. Ela realmente, você como jornalista sabe, ela tinha satisfação em dar as ordens em secretários, arranjava um cidadão lá para ser secretário de João Henrique contra a vontade dele. Ela machucou um bocado João Henrique.
Tribuna – Nesse final de gestão, ele vai conseguir assumir o controle realmente da administração?
Tribuna – Qual deve ser a prioridade do próximo prefeito para Salvador? Buscar mais investimentos, já que a cidade tem dificuldade hoje em dia?
Tribuna – O senhor acha que o prefeito vai conseguir sensibilizar os vereadores a aprovarem as contas da administração na Câmara ou existe o risco de pressões políticas lhe deixarem inelegível?
João Durval – Ele vem melhorando. Depois que se separou da mulher que atrapalhou muito ele – essa é que é a grande verdade –, ele vem melhorando muito o relacionamento dele com os vereadores. Pode ter como exceção um, dois ou três, mas, de modo geral, o relacionamento dele com a Câmara melhorou muito e ele continua buscando aproximação com outros vereadores, objetivando alcançar a vitória na aprovação das contas.
Tribuna – Acredita que Sérgio Carneiro (suplente de deputado federal e seu filho) vai conseguir voltar à Câmara para concluir a relatoria do novo Código de Processo Civil (CPC) ou o estado perde realmente um nome importante que estava fazendo um trabalho brilhante na Câmara Federal?
João Durval – Eu espero que o Wagner, que até aqui não demonstrou intenção de não ajudá-lo, chegue a um entendimento com ele. Eles vêm conversando, o Sérgio e o Wagner, e eu tenho impressão de que eles chegarão a um acordo. No caso de João, por exemplo, num dos últimos encontros do Wagner com o Sérgio, o Wagner disse ao João que estaria disposto a ajudar o Sérgio e que o João poderia ter uma participação muito boa nisso. João tiraria um deputado e o governador tiraria outro. A situação está nesse pé. Então, se for feito isso, João tirar um e o governador tirar outro, o Sérgio estará com o problema resolvido. Eu, sinceramente, não é por ser pai, não, mas esse trabalho que você falou (o CPC) tem sido muito bem feito. Sérgio tem viajado esse país inteiro, já teve vários encontros com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele não tem parado. Na semana passada, eu tomei até um susto quando eu li que o PT estava pensando em botar um deputado ou senador do PT lá de São Paulo (deputado Paulo Teixeira) para terminar esse trabalho. Olha, Sérgio fez um trabalho excelente, excelente mesmo. Ele entende do negócio, ouviu todo mundo da área, até mesmo os tribunais superiores. Se ele não ficar, realmente será uma perda para a Bahia e para o Brasil. É o novo Código de Processo Civil. Então, até o Brasil vai ser prejudicado. Por melhor que seja qualquer substituto, eu não creio que ele seja capaz de concluir tão bem quanto Sérgio pode fazer, do que já fez até agora.
Tribuna – Como vai a relação do senhor com o governo do estado? O senhor tem alguma participação no governo? Como é sua relação com o governador?
João Durval – Vai bem. Não tenho nenhum problema com ele, não. Às vezes, quando ele precisa de qualquer coisa, ele me consulta. Eu, às vezes, também peço as coisas a ele. Há pouco tempo atrás, deve ter uns trinta dias, eu pedi a ele para ele reconstruir a chamada estrada do sisal, que eu fiz quando eu era governador. Existia a BA-407, que vinha de Juazeiro e passava por Feira de Santana. E a estrada estava acabada. Olha, rapaz, era tanto buraco, buracos imensos, crateras. Ele me garantiu que vai refazer a estrada.
Tribuna – E em Feira de Santana, senador, o senhor vai apoiar a candidatura de Tarcízio Pimenta (seu correligionário no PDT) ou de José Ronaldo (DEM)?
João Durval - ... (risos)
Tribuna – Está cedo?
João Durval – Hoje são 2 de abril. Veja bem, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro e em outubro a eleição. São seis meses até lá. Eu tenho tempo de sobra para analisar friamente o quadro e fazer minha opção. Garanto que farei a melhor opção por minha terra.
Tribuna – O PDT tem lhe pressionado de alguma forma para o senhor apoiar Tarcízio Pimenta?
João Durval – Tem. Mas eu ainda não respondi nada.
Tribuna – E o senhor acredita que a entrada dele no partido foi uma coisa não correta com o senhor, com a história do senhor?
João Durval – Foi. Foi, sim. E teve o apoio de (Carlos) Lupi, o presidente nacional do partido, com quem eu me dou muito bem, quer dizer, me dava muito bem, e do (Alexandre) Brust, esse cidadão que é presidente do PDT na Bahia. Foram os dois que fizeram um acordo lá com o prefeito (Tarcízio Pimenta) e lhe apoiaram, mas eu não tomei conhecimento, não fui para a solenidade de filiação...
Tribuna – Faltaram com respeito com a história do senhor em Feira de Santana?
João Durval – Acho. Acho. É minha terra. Eu construí a grande Feira de Santana quando fui prefeito. Sinceramente, eu não gostei e acho que faltaram com respeito à minha pessoa. Eu sempre respeitei o PDT. Naquele período de Brizola, eu era seu admirador. Ele gostava de mim e eu gostava dele e mantínhamos um relacionamento formidável. O melhor período da minha vida partidária foi quando Brizola era vivo. Agora, infelizmente, eu tenho que lhe dizer que não gostei e eles (Lupi e Brust) não me trataram bem. Não compareci à solenidade e ainda estou pensando no que vou fazer.
Tribuna – Por conta disso, o senhor pode mudar de partido ou não cogita essa possibilidade?
João Durval – Não. Eu não cogito a possibilidade. Podia ter mudado, não é? Mas o problema é o seguinte, mudar hoje ou não mudar é a mesma coisa, porque eu não sou candidato a nada. Tenho três anos de mandato ainda, mas não sou candidato a nada. Então, se eu não sou candidato a nada, então, pouco ou nada interfere.
Tribuna – Há o namoro com José Ronaldo pela importância do que ele representou para Feira de Santana?
João Durval – Não. Não há namoro com ninguém. Depois que eles fizeram isso lá em Feira, filiaram o Tarcízio Pimenta e tal... Eu faço política diferente. Eu faço política com seriedade. Por exemplo, o Tarcízio, eu não tenho nenhum relacionamento com ele, mas nas minhas emendas parlamentares no Senado eu coloquei verbas, eu coloquei verbas para Feira de Santana. Eu não iria nunca prejudicar minha terra por causa de política. Isso é uma política menor, não é meu estilo de fazer política.
Tribuna – O que o senhor não fez em sua vida política e poderia ter feito?
João Durval – Rapaz, eu fiz muita coisa. O que eu pensei em fazer eu fiz. Fiz um trabalho muito bom na minha terra, tanto como prefeito quanto como governador. Eu trabalhei na Bahia em peso, mas fiz mais ainda por Feira. O que eu pensava quando era mais jovem em fazer por Feira, eu fiz.
Tribuna – Faria algo diferente do que já fez?
João Durval – Não. Nada. Faria as mesmas coisas.
Tribuna – E o que o senhor ainda pretende fazer nesses próximos três anos do final do mandato? Defender a Bahia e os baianos?
João Durval – Claro. A Bahia e os baianos. Enfim, isso eu vou fazer com todo o carinho, como tenho feito até agora. Amo a Bahia, gosto do povo da Bahia, luto pelo povo que sofre. Tudo isso eu faria de novo.
Tribuna – Dos candidatos que a gente tem hoje, qual a aposta para suceder o prefeito João Henrique? Quem o senhor gostaria de ver prefeito de Salvador depois de João?
João Durval – Veja bem. Tem tanto candidato (risos) que é difícil você dar uma resposta segura sobre isso. Pegue seu jornal, que é o jornal que eu gosto de ler... Todo dia eu pego a Tribuna da Bahia e é o primeiro jornal que eu leio. Eu gosto do jornal, o jornal é bem feito, é sério. Então, eu pego a Tribuna e começo a ler e vejo uma infinidade de candidatos. O cenário está completamente indefinido.
Tribuna – Que mensagem o senhor deixa para os jovens, para os novos políticos? O que é que eles devem ter como metas para suas vidas públicas?
João Durval – Estudar, cada vez mais, colocando sempre a população como prioridade. Educação. A prioridade absoluta é a educação. Educação é a área principal que deve ser trabalhada pela juventude principalmente. Os países que cuidaram da educação, que deram educação a seu povo, hoje são todos desenvolvidos. Temos a Coreia do Sul, um país pequeno e altamente desenvolvido.
Colaboraram: Fernanda Chagas e Romulo Faro.
Publicada: 09/04/2012 08:22| Atualizada: 09/04/2012 08:22